sexta-feira, 27 de maio de 2011

Se você não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração escovado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.




Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Artur de Távola

sexta-feira, 20 de maio de 2011

É



Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.


Paulo Leminski

sexta-feira, 13 de maio de 2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O amor acaba

“O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois do teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite voltada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio…”

Trecho de "O amor acaba", de Paulo Mendes Campos.
Texto na íntegra aqui.


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Hoje o blog faz três aninhos. Sem festinhas nem posts especiais.
Queria ter ânimo pra comemorar, ter feito um sorteio pra vocês...
Mas as coisas não estão fáceis.