quinta-feira, 30 de junho de 2011

DO LADO DE CÁ DA CIDADE

Do lado de cá da cidade faz muito frio.
Talvez por isso os amigos bebam demais.
Talvez por isso eu sempre cruzo as figuras no cinema.
Do lado de cá da cidade existem acordos fraternos, talvez por
isso as pessoas estão sempre magoadas umas com as outras,
e choram tanto, e escrevem os nomes das outras em folhas
amarelas de cadernos, e bebem tanto.
Do lado de cá da cidade nunca faz sol.
Talvez por isso, tantos blues, tantos blues, e a garrafa de café
sempre vazia, os dedos calejados da máquina de escrever, e o
copo de gin pela metade.
Do lado de cá da cidade chove todas as noites, talvez por isso as pessoas tenham tantas idéias mirabolantes e irrealizáveis, talvez por isso as mesas no bar estão sempre reservadas, talvez por isso
eles bebem tanto.
Do lado de cá da cidade faz frio, existem acordos fraternos, nunca faz sol, chove todas as noites, as pessoas bebem demais,
e são todas muito sensíveis.
Eu já estive uma vez do outro lado da cidade, só uma vez.

Mario Bortolotto

sábado, 25 de junho de 2011


nada que o sol
não explique

tudo que a lua
mais chique

não tem chuva
que desbote essa flor

Leminski

segunda-feira, 20 de junho de 2011

“Todos os dias deveríamos ler
um bom poema, ouvir uma linda canção,
contemplar um belo quadro
e dizer algumas bonitas palavras.
Pensar é mais interessante
que saber, mas é menos
interessante que olhar.”
(Goethe)

domingo, 12 de junho de 2011


Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites.
Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz.
Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos.
Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco.
Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença.
. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!

Fernanda Mello


sexta-feira, 10 de junho de 2011